Apesar de pequeno é um bairro que dá acesso a muitos pontos estratégicos: Santa Tereza, Corcovado (é de lá que sai o bondinho para o Cristo), Túnel Rebouças. Mas é muito residencial e com muitas escolas.
Por só ter uma rua principal, todos precisam passar por ela para entrar e sair do bairro. Mas há um grande problema: a prioridade não é das pessoas que vivem ou passam por lá, a prioridade é dos carros!
Você pode pensar "como assim, carros não transportam pessoas?", a resposta parece simples, mas não é:
pessoas se locomovem de muitas formas, mas 1 carro - na maioria das vezes - transporta apenas uma pessoa e ocupa muito espaço público.
Tanto espaço que esta rua principal possui trechos em que não há calçadas (!). Sim isso mesmo, a rua foi "ampliada" para os carros a ponto de comer toda a calçada e os pedestres não poderem passar. Veja só:
Achou ruim? Acha que estou exagerando em relação à ocupação dos carros? Bem, as poucas calçadas que existem e deveriam ser dos pedestres, adivinhem de quem é? Não vou responder, vou mostrar:
Este artigo não é para falar contra os carros, mas para chamar a atenção para onde estamos indo, esquecendo que o espaço público é DAS PESSOAS, todas elas, não apenas de quem tem carro.
Todos são pedestres, até mesmo quem possui carro e só se locomove com ele (tem gente que pega o carro para ir na esquina comprar pão e reclama que o trânsito está ruim, por que será?).
Bem, além de motoristas e pedestres, também existem ciclistas, e muitos! A TA fez uma contagem no ano passado que registrou 978 ciclistas passando em uma esquina em 12 horas. Este ano outra contagem apontou mais de 1200 em outro ponto (o resultado oficial ainda será divulgado). E sabemos que há muita demanda reprimida, pois muitas destas pessoas que pegam o carro para ir à padaria comprar pão ou para levar o filho à escola a duas quadras de casa, gostariam de poder fazer isso de bicicleta, mas o bairro não possui NENHUMA infraestrutura cicloviária!
É uma lástima: a pouca infraestrutura para pedestres é ocupada pelos carros que insistem em estacionar em suas calçadas (na verdade pela má educação de seus donos que acham que o espaço público é deles...), e a nenhuma estrutura cicloviária oprime as pessoas ainda mais!
Por isso, um grupo de pessoas, organizações e entidades tem batalhado para conseguir conscientizar a opinião pública e - sobretudo - a prefeitura, de que a criação de uma infraestrutura para PEDESTRES e CICLISTAS na região é urgente!
Para você se iterar, muitas ações tem sido feitas:
- Projeto de alunos do Liceu Franco Brasileiro
- Passeio ciclístico pró-ciclovia em 2011
- Panfletagem para pedestres, ciclistas e motoristas
- Contagem de ciclistas em 2011
- Criação de projeto de ciclovias e ciclorotas apresentado à prefeitura (levado pela T.A.)
- Contagem de ciclistas em 2012
Enfim, tem muita gente pedindo, mostrando que é necessário, estudando e apresentando números e dados relevantes sobre esta demanda. Gente séria, inteligente e que sabe o que faz: temos apoio da T.A. e do ITDP Brasil!
Escrevo então este artigo para continuar gritando e divulgar o que se tem feito para isso.
Nós continuamos agindo. No próximo sábado vão ocorrer duas ações em continuidade a este trabalho:
Vaga Viva na General Glicério
Passeio Ciclístico pró-ciclovia
Você já pode ajudar curtindo a página do "Ciclovia já" no Facebook, lá você encontra informações sobre a Vaga Viva e sobre o Passeio Pró-Ciclovia.
Até o próximo...
Créditos das fotos do Globo, onde você pode ver uma matéria sobre o dilema de criar infraestrutura para as PESSOAS em Laranjeiras e Cosme Velho.
Como moro em Laranjeiras, acabei lendo esse post e vou aproveitar para fazer um pequeno desabafo que, desculpe, não tem a ver com o tema central. Tenho 49 anos e aprendi a andar de bicicleta há sete meses. E não tenho com quem compartilhar meus pequenos problemas, porque a comunidade de bikers é pouco receptiva a quem ainda não sabe fazer uma curva fechada... Como todo mundo aprendeu quando criança, essa minoria que aprendeu depois de velho não tem com quem pegar dicas. Por exemplo, exatamente por morar em Laranjeiras, onde não tem ciclovia e qualquer percurso passa pela terrível Rua das Laranjeiras, com seu eterno engarrafamento em mão dupla -- aliado ao fato de que moro no alto de uma ladeira íngreme e de paralelepípedos -- comprei uma dobrável. E como esse troço é caro, comprei a Blitz City, a mais barata do mercado. Fui assessorada nessa compra por gente que anda de bicicleta desde os cinco anos de idade. O resultado é que não sei se minhas dificuldades com as curvas são pela instabilidade do guidão (quem andou na minha bike disse que é como dirigir um carro sem jogo), pela inabilidade de quem está começando ou porque simplesmente a partir de uma determinada idade você não consegue evoluir muito mesmo. Enfim, se você, Robson, conhece casos como o meu, e puder ajudar a criar esse rede de velhos iniciantes, agradeceria muito.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Olá Eliane,
ExcluirDesculpe-me por demorar a responder, meu tempo tem estado muito complicado.
Tenho muitas coisas a comentar:
- Pode parecer filosofia barata, mas nunca é tarde para aprender nada! A cada dia que passa tenho mais certeza disso.
- As bicicletas dobráveis são mais caras que as outras sim, pela "complexidade" do sistema de dobra, elas precisam ser mais resistentes que as "normais". Mas não se engane, como tudo na vida, tudo que é bom é caro (mas nem tudo que é caro é bom). A city é uma bicicleta de "entrada" no mundo das dobráveis, ela é simples e serve para uma pessoa que usa pouco. Mas não é uma bicicleta instável por si só. Por ter aro 20 (rodas menores), ela tende a ser mais "arisca" e quem não está acosumado estranha mesmo; ela é um pouco mais ágil que as outras e isso costuma se traduzir como dificuldade de uso.
Não desista, como todas as coisas que aprendemos, no início tudo parece difícil, com o tempo ganhamos proficiência e até esquecemos que um dia foi difícil.
- Não acho que a "comunidade de bikers" possa ser caracterizada de uma forma única. São muitas pessoas que pedalam, existem muitos grupos, pessoas mal educadas e pessoas bem educadas como em qualquer outra área da sociedade. Talvez você tenha encontrado pessoas hostis em relação ao seu aprendizado, mas não as tome como exemplo para outros ciclistas ou outras pessoas. Conheço gente muito gentil que pedala, que ajuda os outros e são respeitosos com todos.
Quando houver um outro encontro destes, procure ir e conversar com as pessoas e verá muita receptividade e respeito de todos.
- Seja bem vinda ao mundo do pedal, é muito comum nos apaixonar por isso. Não desanime!
Um grande abraço e volte sempre que precisar, estou a disposição (mesmo que demore um pouco - risos).
Abs.
Oi, Robson, obrigada por ter respondido -- eu mesma demorei a ver! De lá para cá, venho evoluindo muito bem, já estou menos insegura nas curvas e consigo, fora de ciclovias, fazer pequenos percursos (embora, a bem da verdade, use basicamente as calçadas. Só vou para o asfalto se a rua estiver sem carros ou for beeeem larga...). Mas acho que, quando eu crescer, vou comprar uma dobrável de mais qualidade, com mais estabilidade do que a City, e com marchas. Minha sensação é a de que, se continuar usando a bike, e se enfim for encarar o trânsito, a City não oferece segurança e conforto suficientes.
ResponderExcluirabs
Olá , meu nome é Fábio e eu gostaria de participar um pouco. Muito tem se falado dos carros e seu uso (de certa forma realmente indiscriminado ), a falta de educação dos seus proprietários e da falta de infra das nossas cidades. Mas eu acho que não se deve centralizar tudo nos carros. Os ônibus cometem diversos crimes no transito, não respeitando carros, pedestres ou (moto)ciclistas. Os motociclistas e ciclistas nao respeitam as leis de transito; os primeiros avançam sinais vermelhos,sobem em calçadas ( que deveriam servir para trânsito de pedestres) transitam na contra-mão ,etc. Os ciclistas também cometem as suas, acham que não devem respeitar semáforos vermelhos - eu mesmo quase já fui atropelado diversas vezes por ciclistas ao atravessar a faixa de pedestres na Voluntários da Pátria,Mena Barreto , Real Grandeza, São Clemente. Muitos ciclistas também abusam nas calcadas, pedalando em grande velocidade, inclusive com uma novidade, as motorizadas! Espero que vocês admitam que 15 ou 20 km/h em uma calcada onde transitam pessoas, inclusive de mais idade, não dá né? Eu tambem uso as laranjeiras para alguns trajetos e cumpro as regras. Lembro de um dia aguardar na são Clemente o sinal fechar para cruzar para a Barão de Lucena e tomar uma bronca de uma senhora que atravessava porque ela achava que eu ia atravessar na faixa(???). Por fim, eu dirijo na maioria das vezes, pois moro em Niterói e nao da pra levar duas horas da minha casa ao trabalho, e vejo que muitos motoristas não respeitam diversas regras básicas como respeitar os ciclistas na margem direita das ruas ou simplesmente parar nas vias secundárias para as pessoas atravessarem, assim como ciclistas, motociclistas, taxistas, ônibus e caminhões deveriam fazer o mesmo. Bom isso tudo se resume em quanto estamos longe da educação ideal para convivermos e compartilharmos civilizadamente as ruas das nossas cidades. Eu acredito que com esforço de todos, tudo pode melhorar. E se o governo fizesse seu papel de fiscalizar e estabelecer regras coerentes, seria melhor ainda. Bom , eu queria me desculpar pelo tamanho da postarem e agradecer pela cessão desse espaço democrático. Obrigado e vamos pensar mais socialmente! Abraços .
ResponderExcluirOlá Fábio,
ExcluirEsta discussão é muito válida!
Eu conheço muito bem e de perto estes problemas, pois circulo muito por estas vias e você tem razão em muita coisa!
Estes papos costumam acontecer muito em listas de discussão sobre bicicletas. Eu participo de uma lista da bicicletada RJ (veja em http://bicicletada.org/riodejaneiro), lá rolam muitas discussões assim.
Sugiro entrar para participar e enriquecer a conversa!
Mas fique à vontade para publicar aqui, serão sempre bem vindos os comentários que nos enriquecem!
Um grande abraço!