Se você não sabe o que é ou nunca ouviu falar do AUDAX, dá uma olhada aqui e aqui . Não deixe também de ver o Blog do AUDAX RIO.
Como tudo começou
No início do ano eu tinha começado a treinar para participar de competições de ciclismo (speed). Esfriei um pouco por conta de algumas mudanças na vida, mas em março/abril tentei voltar à ativa. Nesta tentativa, um tombo com a Judith me fez romper um ligamento do joelho e ter que parar. Na época achei que teria que parar "de abusar".
Neste período, pedalava nada e navegava muito. Passeando pelo Twitter, vi um relato de um colega (Ricardo Paiva) sobre o AUDAX 300 - que ele fez em Rio das Ostras. Gostei tanto que me desafiei a vencer o joelho e fazer um AUDAX.
Este é espírito: superar limites (e pensar que há 12 anos atrás eu fumava mais de 2 maços de cigarro por dia... Que horror)!
Pois bem, está acontecendo: me inscrevi para o AUDAX 200, que vai acontecer em 13 de novembro próximo. O desafio hoje é conseguir treinar o suficiente. Depois do joelho machucado as coisas ficaram diferentes. Mas já começou, e ontem foi o treino oficial, promovido pelos organizadores do AUDAX.
Resolvi escrever este artigo, porque para mim o treino foi uma lição do que devo e o que não devo fazer no AUDAX, e acho que pode ajudar outros que desejam fazer o mesmo.
Bem, um relato como esse acaba sendo longo, vou tentar não ser enfadonho ;-)
Como foi o dia do treino (e o anterior)
Tenho pedalado muito menos do que preciso, deveria estar me preparando melhor e isso me preocupava, porque sabia que o domingo ia ser puxado (a expectativa era pedalar uns 125Km). Comecei então a me preparar desde sábado: boa alimentação, pouco esforço, "no alcohol" e uma boa noite de sono.
Tudo OK.
Acordei às 6, banho para começar o dia, meu café da manhã foi um copo de vitamina. Já havia deixado tudo organizado na véspera, aguardava apenas o telefonema do Odir.
Pedalei até Laranjeiras para pegar meus equipamentos de segurança, encontrei com Odir na Pinheiro Machado e de lá partimos para o SESC Tijuca (local de partida do treino), mas certos de que não chegaríamos a tempo; caso isso ocorresse voltávamos para encontrar com o Ricardo Paiva na Pedal2.
Fomos num ritmo forte, quando chegamos o grupo já tinha partido, voltamos no mesmo ritmo para a Pedal2.
No caminho conhecemos o Michel Amaral, que nos acompanhou até o final. Em poucos minutos na Pedal2 passava o pelotão de frente do AUDAX (tinha um grupo grande vindo atrás em ritmo moderado), corremos e passamos a acompanhá-los.
Em Laranjeiras um grupo seguiu para o Sumaré e nós seguimos com os outros, que fariam o percurso "oficial" do treino.
A partir daí, muitos encontros e desencontros com vários grupos pelo caminho.
Acabamos formando um grupo que seguiu junto atá o final: Eu (de speed), Odir (de híbrida), Ricardo (de MTB) e Michel (de speed).
No final, um encontro agradável com Rodrigo Primo e um companheiro de Curitiba.
Com este grupo abaixo seguimos por um longo trecho na Barra:
Luiz, Odir, Cézar, Ricardo, Eu e o Michel
O grupo que se uniu na Pedal2 se separou em Laranjeiras, ficamos com os que iam seguir o trajeto oficial. Paramos em Botafogo para esperar a turma de trás, mas decidimos partir.
Seguimos em direção ao Jardim Botânico, de lá Leblon, Niemeyer, Estrada do Joá, Av. das Américas, e de lá para o Autódromo.
No trajeto oficial seguia-se até a Av. das américas e o retorno era por ela.
Mas decidimos seguir até o Recreio, acabamos avançando mais, fomos até a subida para a Pedra, entramos na estrada do Pontal, saímos na Macumba e de lá voltamos pelo Litoral até o Pepê.
Depois, de volta pelo Joá, Jardim Botânico, Humaitá e Botafogo.
Total: 122Km (121 registrados)
A intercorrências
- Na Niemeyer vazamento de esgoto na rua, sem pára-lamas: boca fechada para não engolir água suja! Muita atenção com a pista molhada para quem vai de speed!
- O suporte de caramanhola do Michel quebrou, era um TOPEAK(!) de plástico. Portanto, se quer um, não compre de plástico, mesmo se for TOPEAK!
- Na Barra muitas "finas educativas" de todos os tipos de motoristas, adrenalina e stress. Haja paciência!
- O sábado enunciava um dia nublado, mas a realidade foi outra: sol de 33°C durante a tarde.
- Ao voltar pelo litoral uma grande surpresa: câimbras nas duas pernas, coisa difícil de administrar. Já no Recreio começou a ficar difícil.
- Vento lateral e contra em todo litoral, do Recreio ao Pepê. A solução é andar em pelotão, mas não foi possível fazer em todo o percurso. E não é tão fácil quanto parece.
- As câimbras só pioraram na volta, sobretudo nas subidas do Joá e Niemeyer.
- Já no Recreio, por volta dos 95Km, tudo que eu queria era um banho e minha cama, 100m pareciam 1Km.
As lições
Boas (O que vale repetir)
- O dia anterior "regrado" foi ótimo, com uma boa noite de sono.
- Muita hidratação, levei um camelback de 3 litros, além de água de coco e isotônico no caminho.
- Eu uso gel de carboidrato, ótimo para recuperar energia. Mas não mata a fome!
- Levar dinheiro vivo para emergências.
- Odir apareceu com um santo GELOL. Foi isso que segurou as câimbras na subida do Joá. Se puder leve um! De preferência em spray.
- As paradas para descanso e alongamento são fundamentais.
- O companheirismo é o que mais dá força, juntos conseguimos superar obstáculos muito mais facilmente.
- As frutas que levei, inclusive as de reserva, para salvar os amigos.
Ruins (O que não se deve fazer)
- Meu café da manhã foi fraco, superestimei a vitamina e durante o dia o corpo reclamou. Vi Ricardo Paiva inteiro e ele me disse "meu café da manhã foi farto: pão, sucos etc.". Vai a lição: tomar um super café da manhã!
- Isso já é notório, mas não custa avisar: motorista da Barra é muito mais mal educado do que o normal, não estão acostumados com ciclistas nas ruas, acham que "a rua é deles" e "temos que sair da frente para eles passarem". Portanto, MUITO cuidado ao pedalar por lá.
- No 200 não tem almoço. Comecei a pedalar às 07:20, cheguei em casa por volta das 17:00H. Fiz pequenos lanches no caminho (frutas e guloseimas), mas senti bastante falta de uma refeição mais potente. No mínimo tem que levar uns sanduíches.
- Fui com uma mochila de hidratação pequena, poderia ter levado uma maior, com mais coisas para comer.
- O meu selim é muito ruim, quis testar e valeu a lição: você precisa se sentir muito confortável em sua bike. Qualquer coisa que gere desconforto, no fim luta contra você! Portanto, use tudo que lhe deixa confortável!
- O sol ajuda a aumentar o cansaço, além de hidratação eu gostaria de ter tido água para molhar a cabeça.
- Não procrastinar nos ajustes da bike. Já falei do selim. Meus freios precisam ser trocados, deveria tê-lo feito, me deixou muito mais cansado pela sua desregulagem.
- No fim do dia eu estava bem cansado, portanto, tem que treinar e não substimar o trajeto!
Para se localizarem, este era o trajeto oficial do treino, muito próximo ao que fizemos.
...
Por fim, um agradecimento muito especial ao Ricardo Paiva e ao Odir, comprade e amigo de todas as horas: companheiros, solidários, alto astral, bom humor. Amigos, muito obrigado!
Odir, Ricardo, Eu
E a mensagem que me fica é: nosso limite está muito além do que imaginamos!
Até o próximo...
Muito legal o relato. Fiquei muito feliz de ter participado e desenferrujado. Na próximo pedal vale fazer 2 coisas: parada para um banho de chuveiro no quiosque da barra, e uma parada para comer alguma coisa, um sanduiche que seja.
ResponderExcluirVale colocar aí nas dicas o Hipoglós, também. :)
Legal Werneck!
ResponderExcluirEu senti mesmo falta de um banho para refrescar a cuca, o sol estava maltratando.
E estou levando em consideração o sanduíche também, pois senti que faltou um pouco de "sustância".
Hipoglós acho que vai ser útil, mas antes de tudo preciso trocar meu selim.
;-)
Grande Combat!
ResponderExcluirTá virando um randonneur. É uma viagem sem volta, agora é só quilometragem acima. Até chegar nos 4 dígitos.
Forte abraço
Olá Edu!
ResponderExcluirEu queria ter encontrado com vocês, mas os caminhos não se cruzaram.
Obrigado pelas dicas que enviou, em especial as sobre hidratação!
No domingo eu estava tão cansado que achei que não conseguiria levantar no dia seguinte; no dia seguinte não estava tão cansado quando imaginei; 2 dias depois estou querendo pedalar mais.
É incrível como é bom superar limites!
Valeu pelas dicas, vou fazer o meu primeiro Audax 200 no próximo mês.
ResponderExcluirOlá Silvio,
ResponderExcluirObrigado!
E seja bem vindo ao AUDAX, a prova tem um clima ótimo de solidariedade, não há um ambiente competitivo pesado.
Minha dica para você então é intensificar os treinos, pois estamos na reta final!
Lá no Blog do AUDAX tem muuuiiiitttaas dicas valiosíssimas, não as deixe de ler, foram fundamentais para mim quando fiz o meu AUDAX.
Nos encontramos lá então, porque também vou participar deste!
Um grande abraço!