quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Você ouviu falar do BiciRio?

Aconteceu aqui no Rio de Janeiro (de 25/09 a 27/09) o BiciRio (Fórum Internacional da Mobilidade por Bicicleta).

O objetivo principal foi discutir a Mobilidade Urbana com o foco na bicicleta. E a prefeitura tem um interesse específico, que é garantir suas ações em torno da sustentabilidade, buscando atingir metas de diminuição da produção de carbono para os próximos eventos esportivos de 2014 e 2016.
Foi um fórum técnico, para discutir a mobilidade urbana e como a bicicleta pode se tornar parte da solução em torno dela.
Na prática todo o fórum se deu no dia 26, pois no dia 25 houve apenas um passeio ciclístico de abertura e em 27/09 uma visita técnica a algumas ciclovias cariocas recém implantadas.

Eu estou citando este evento aqui porque o Projeto Bike Anjo - do qual sou voluntário aqui no Rio - se inscreveu e foi selecionado; participando da sessão "A inserção da cultura cicloviária na sociedade". Veja o programa completo: Agenda técnica.

Bem, como o JP (criador do projeto, lá Sampa) não pode participar, quem ministrou a palestra sobre o projeto foi eu. E foi uma honra!
Além de ser bom palestrar num evento como esse, foi ótimo para ver de perto as pessoas que estão fazendo as coisas acontecerem em torno da bicicleta como modal urbano.
Fiquei impressionado: "de fora" não temos noção de quanta coisa boa está sendo feita por aí.
Aqui vou passar então algumas impressões sobre minha participação.

A palestra
JP foi muito atencioso, enviou uma palestra que ele havia feito, e me ajudou em todas as questões sobre o projeto. No domingo ficamos mais de 2 horas ao telefone ajustando as dúvidas, com ele me explicando tudo, slide a slide (!).
A palestra foi ótima, o feedback foi ótimo e ao fim, pelo menos 2 pessoas pediram ajuda ao projeto.


O evento como um todo
O melhor do evento foi ver que há muita gente fazendo MUITA COISA por aí, em relação à bicicleta e à mudança dos paradigmas nas cidades. Pensando de uma forma macro, algumas intervenções chamando a atenção para o fato de que a bicicleta é mais um importante modal para a questão da mobilidade urbana. Valeu muito a pena estar lá!

Destaques
Durante as palestras, passei impressões em tempo real pelo Twitter, para não ser redundante, vou basicamente reproduzi-las e comentar algumas:
  • A Palestra foi ótima, ao fim, pelo menos 2 pessoas informaram que queriam ajuda de @bikeanjo. Detalhe: uma destas pessoas foi a moderadora da mesa, a diretora do Centro de Educação Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente da Cidade do Rio de Janeiro; Danielle Simas.
  • Muitas ações legais em torno da bike, com temáticas bem diferentes. Ótima sensação de que a bike vai tomar conta das cidades.
  • Reginaldo Assis Paiva falando: "A cidade dos arquitetos é a cidade dos automóveis". Precisamos de cidades para pessoas! Houve uma engraçada brincadeira em torno desta alusão aos arquitetos - coitados! Eita generalização pesada! Mas pensar em cidades construídas para pessoas (não para carros) é muito bom!
  • As propagandas de carro são tão individualistas e irrealistas que em todas, as ruas estão vazias. Que cidade é essa? Existe? Uma temática bem interessante abordada pelo Tiago (Passeio Completo) foi a da forma como a bicicleta é tratada pela indústria dos bens de consumo: os carros são vendidos como artigo de luxo e desejo, enquanto as bicicletas tratadas como coisa de garoto e quase ridicularizadas. O ponto mais engraçado de todos foi ver que em todos os anúncios de carros as ruas estão vazias, só há "aquele" carro, que passa incólume pela cidade, como se todos os caminhos se abrissem para ele.
  • "Toda viagem de bicicleta começa e termina num estacionamento". Ou seja para ser viável de fato é preciso infra-estrutura. Ponto muito importante: isso quer dizer que as cidades precisam se preparar para a bicicleta. Criar ciclovias é só uma parte disso.
  • Outro dado importantíssimo: acidentes a menos de 30km/h não são graves em sua maioria. Aumentando zonas 30, aumentamos a segurança! Reginaldo Assis Paiva chamou muito a atenção sobre a necessidade das cidades criarem um planejamento cicloviário, alertando que isso não é a mesma coisa que planejamento de ciclovias. Neste contexto se encaixa a ampliação de "zonas 30".
  • Nas palavras do Zé Lobo: "Simples assim: basta reduzir a velocidade máxima para aumentar muito a segurança do ciclista". Este foi um comentário do Zé Lobo, corroborando com o que escrevi acima.
  • Ao fim do dia, muitos contatos com pessoas envolvidas com a bicicleta na mobilidade urbana. Da para crer que as cidades tem bom futuro. Ótimos contatos, o prazer de conhecer gente muito boa, fazendo coisas impressionantes!
  • Em tempo: eu não sou contra carros, sou contra o que as pessoas fazem com ele e dele: a cultura individualista, a cultura de cada um por si! Durante o fórum houve muita discussão em relação aos carros na cidade, chegou-se a execrá-los. Eu mesmo contribuí para alertar sobre o problema e há gente que briga defendendo o uso dos carros. Mas é preciso ficar claro que os carros não são o problema das cidades, mas o que se faz com eles.


Considerações finais
Bem, posso dizer que o melhor de tudo foi conhecer a turma que tá fazendo tudo acontecer: Uirá, Tiago Leitman, Zerbinato, Rafael Benício, JP, Yuriê, P.A., Glauston, José Carlos Belotto, Fernando Braga, além - sempre - do Zé Lobo e Rafael Pereira, parceiros, sempre dispostos a ajudar.

Desculpe se alguém ficou fora, algumas pessoas estavam nos papos, mas não fomos formalmente apresentados e não sei o nome.

Até o próximo...

Um comentário:

  1. Um detalhe muito importante que - ao escrever o artigo - acabou passando (injustamente): o trabalho que o Glauston está fazendo em Niterói pela bicicleta é incrível, digno de destaque.

    E tanto que vai aqui como comentário, destacado.

    Parabéns Glauston!

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